terça-feira, 4 de setembro de 2007















Tom

Chovia muito quando Tom Jobim nasceu. Ainda não eram as águas de março que fecham o verão, mas as de janeiro que o repartem ao meio. Janeiro, 25, 1927, onze e quinze da noite de uma terça-feira. Muita água caindo do céu, nenhuma saindo das bicas da rua Conde de Bonfim, no bairro carioca da Tijuca. O conserto de um cano viera perturbar o nascimento do primeiro filho de Jorge Jobim e Nilza Brasileiro de Almeida, na casa de nº 634. Com a ajuda do irmão de Nilza, Marcelo, a quem coube a tarefa de providenciar água para o parto, e de sua irmã Yolanda, que se desdobrou na cozinha para que não faltasse café para o dr. Graça Mello, que o bebia em doses quase industriais, Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim finalmente veio ao mundo com quase 60cm de comprimento e pesando quatro quilos.Aquariano com ascendente em Libra, dois signos ligados ao ar como os seres alados que tanto admirava, no horóscopo chinês, Tom era gato, o que talvez explique sua implicância com deslocamentos e mudanças. E, no entanto, trocar de endereço foi uma das coisas que ele mais fez na vida.A primeira mudança foi em 1931, quando os Jobim trocaram a Tijuca por um bairro da zona sul da cidade, que então não passava de um enorme areal distante de tudo e pouco habitado: Ipanema.


Cazuza
No início dos anos 80, um garoto dourado do sol de Ipanema surpreendeu o cenário musical brasileiro. À frente de uma banda de rock cheia de garra, começou a dar voz aos impulsos de uma juventude ávida de novidades. Ele, Cazuza, era a grande novidade.O Brasil saía de um longo ciclo ditatorial e vivia um clima de democracia ainda incipiente, mas suficiente para liberar as energias contidas. Cazuza desempenhou um papel importante nesse processo. E quando as misérias e mazelas nacionais foram se desnudando, ele respondeu sem meias palavras.A expressão de sua repulsa diante desse quadro só pode ser comparada à coragem com que lutou por sua vida, no enfrentamento público da Aids. Lições de indignação e de dignidade; de como levar a vida na arte e "ser artista no nosso convívio".No pouco que viveu, Cazuza deixou uma obra para ficar. Bebeu na fonte da tradição viva da MPB para recriar, num português atual e espontâneo, cheio de gírias, e num estilo marcadamente pessoal, a poesia típica do rock. Com justiça, foi chamado de o poeta da sua geração.
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Sempre quis escrever alguma coisa sobre esses dois monstros, esses dois mestres da MPB,duas genialidades, cada uma com seu estilo, mas mostrando a que vieram, falando do Brasil, amando o Brasil.
Um com sua genial mansidão, e o outro com sua genial rebeldia,
PERFEITOS.




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